Carla Santos | Diretora da Mapei
Fale-nos um pouco sobre a empresa e o vosso trabalho.
A Mapei é fruto de uma grande história italiana que teve o seu início em 1937 nos arredores de Milão, em Itália. Graças às intuições e estratégias da família Squinzi, agora na terceira geração, baseadas na Especialização, Investigação & Desenvolvimento e Internacionalização, a Mapei é atualmente o maior produtor mundial de adesivos e produtos complementares para o assentamento de pavimentos e revestimentos de qualquer tipo. É também especializada noutros produtos químicos para a construção, como impermeabilizantes, argamassas especiais para a reabilitação de betão e alvenarias, isolamento térmico e acústico, pavimentos contínuos e aditivos para betão.
Em números, o Grupo Mapei:
· Oferece 23 linhas de produto e 5.500 produtos com tecnologias de vanguarda para satisfazer todas as exigências da indústria da construção em todo o mundo;
· Investe anualmente una parte significante das suas receitas e dos seus recursos humanos para a investigação e desenvolvimentos de novas soluções e tecnologias nos 32 laboratórios de I&D e nos 83 laboratórios de controlo de qualidade;
· Está presente com 91 filiais e 84 fábricas em 57 países em 36 países nos 5 continentes.
Em Portugal, estamos presentes desde 2001, com o objetivo de estar mais perto dos clientes, criar uma oferta ajustada às exigências locais e reduzir ao mínimo os custos de transporte, bem como as emissões de CO2. Em 2021 festejámos 20 anos de existência em Portugal e este ano, enquanto a Mapei festeja 85 anos, começámos a construir uma nova unidade produtiva, com tecnologias de vanguarda, que demonstra a aposta e a confiança do Grupo no nosso país e na nossa economia.
Após dois anos de pandemia, de que forma têm sentido o impacto no mercado e em particular no vosso setor de atividade?
A construção revelou-se bastante resistente durante todo este, já longo, período de pandemia.
A Mapei em Portugal, teve um desenvolvimento de negócio muito positivo em 2021, superando claramente as expectativas, com um crescimento superior aos 20%.
Segundo as previsões, o sector da construção continuará a revelar uma tendência de crescimento, sendo os maiores contributos do segmento da construção dos edifícios residenciais, tendo em conta o atual dinamismo da procura e do segmento da engenharia civil que refletirá o investimento público.
Quais são as vantagens competitivas da descarbonização para as empresas? Que desafios enfrentam neste processo?
Vivemos um período de transição energética, que terá que ser efetuada para energias limpas, que emitam, apenas o que o planeta seja capaz de processar. Disso trata a descarbonização, o caminho para a neutralidade carbónica.
Trata-se de um processo bastante exigente para todos os setores, nomeadamente o da construção.
Na União Europeia, o setor da construção civil é responsável por cerca de 30% do consumo de energia e das emissões associadas.
Como uma das companhias líder no mercado global da construção, o compromisso da Mapei em investigação e desenvolvimento é muito significativo, sendo 70% dos seus esforços efetuados no desenvolvimento de produtos eco-sustentáveis e eco-compatíveis.
O investimento em tecnologia e o conhecimento, que se baseia no valor das experiências da empresa ao longo dos seus 85 anos, faz com que a Mapei lidere o desenvolvimento das melhores soluções, que permitirão projetar e construir de acordo com os princípios da eco-sustentabilidade.
No seu entender, que medidas devem ser prioritárias para que as cidades se tornem mais sustentáveis, tendo em conta o atual estado do parque edificado nacional?
Na União Europeia estima-se que os edifícios são responsáveis por cerca de 40% do consumo de energia, sendo que mais de 50% da energia é consumida nos sistemas de aquecimento/arrefecimento. Portugal não andará muito longe desta estimativa.
Neste particular torna-se necessário aumentar a consciencialização e a informação quanto à eficiência energética, quer para a construção nova, quer para a reabilitação de edifícios existentes, e a sensibilização poderá ser conseguida tendo em conta a potencial redução de custos associados ao consumo de energia.
Garantir a eficiência térmica é uma prioridade, e é uma das áreas estratégicas da Mapei. O Isolamento Térmico pelo Exterior (ETICS) é uma das linhas que fortaleceremos para contribuir para a eficiência energética dos edifícios.
Quando o prescritor prescreve os materiais de construção, que características espera que este tenha em consideração?
A atividade de prescrição terá que assumir a responsabilidade de recomendar produtos seguros, confiáveis, que assegurem a durabilidade ao longo dos anos e que tenham o menor impacto possível no meio ambiente.
Existem novos materiais/tecnologias a serem desenvolvidas pela empresa? Quer falar-nos de algum em particular?
Uma das nossas maiores preocupações é de estar sempre em linha com as novas tendências, muitas vezes antecipá-las, com soluções integradas de produtos inovadores e funcionais aos mercados onde operamos. Neste sentido, estamos envolvidos em vários projetos para o desenvolvimento de novos produtos e a atualização dos sistemas mais utilizados no mercado português da construção. Destaco neste contexto a nossa participação no projeto MORTAR4SEWAGE, resultante dos programas “Compete 2020” e “Portugal 2020”, financiados pela união europeia. Neste âmbito estamos empenhados no desenvolvimento de um novo produto para o segmento dos sistemas de saneamento. Os sistemas de saneamento que fornecem o país carecem de ser bem construídos e são reparados frequentemente, uma vez que as águas residuais que circulam no interior destes sistemas contém substâncias que, por ação biológica, originam ácidos responsáveis pela degradação precoce dos revestimentos interiores. O projeto visa o desenvolvimento de uma nova argamassa com elevada resistência química, destinada à construção e reabilitação de sistemas de saneamento, com o objetivo de aumentar o tempo de vida útil das infraestruturas de saneamento, minimizando os recursos necessários para a sua manutenção e reparação.
Passando para o lado estético dos projetos, em breve vamos apresentar ao mercado uma reorganização e extensão da nossa gama de betumes, para acompanhar as tendências da indústria da cerâmica e pedra natural. Trata-se de um aumento do número de cores disponíveis, que vai posicionar a Mapei como a marca com maior número de referências e da introdução de novos produtos de natureza epóxi, mais fáceis de aplicar, de limpar e certificados para ambientes com elevadas agressões químicas.
O que deseja para o futuro da empresa e do setor?
A Mapei seguirá um caminho que foca a sustentabilidade e que combina arquitetura de qualidade, investigação e desenvolvimento. Continuaremos a contribuir para uma construção de qualidade, utilizando produtos formulados com matérias-primas inovadoras, recicladas e ultraleves, desenvolvidas para reduzir o consumo de energia, com muito baixas emissões de compostos orgânicos voláteis, minimizando o impacto ambiental.
Nos próximos meses iniciaremos a construção da nossa nova fábrica. Trata-se de um investimento de cerca de 11,5 milhões de euros e reflete a aposta do Grupo Mapei no nosso país e na nossa economia.
A nova unidade produtiva terá cerca de 10.000 m² de área coberta, 25.000 m² de área exterior e será equipada com tecnologia de vanguarda para a produção de produtos químicos para a indústria da construção. Com esta nova estrutura, queremos melhorar ainda o nosso serviço ao cliente, aumentando a nossa capacidade de resposta às exigências do mercado local, bem como garantir uma maior rapidez na disponibilização da nossa gama de produtos. Continuamos a apostar na expansão do negócio em Portugal, contando sobretudo com a dedicação dos nossos colaboradores e a confiança dos nossos parceiros, com os quais queremos crescer, contribuindo para uma construção de qualidade, assegurando uma elevada durabilidade.